Ricos o que se di ricos

Densidade de distribuiçom territorial do património ©

“Ricos, o que se di ricos, em Espanha somos poucos”, é frase atribuída ao banqueiro Emilio Botín, presidente durante quase três décadas do Banco Santander. Nom sabemos qual será a opiniom ao respeito de dona Ana Patrícia Botín-Sanz de Sautuola O'Shea, afortunada filha de dom Emílio e actual presidenta executiva do banco desde 2014. Décimo quinta mulher mais poderosa do mundo entre o centenar que formam a opulenta grei se acreditamos no informe Forbes1

A recente publicaçom do Informe 2021 dos declarantes do Imposto sobre o Património por parte da Agência Tributária oferece-nos umha boa ocasiom para aproximar-nos ao interessante assunto do colectivo dos ricos de provada capacidade

Qualquer que seja a nossa opiniom, o certo é que o mapa de ricos em Espanha nom deixa de se baralhar e reorganizar a teor dos tempestuosos acontecimentos que abalam a economia espanhola sem ameaçar nom obstante a classificaçom consagrada da lista de afortunados.

A recente publicaçom do Informe 2021 dos declarantes do Imposto sobre o Património por parte da Agência Tributária oferece-nos umha boa ocasiom para aproximar-nos ao interessante assunto do colectivo dos ricos de provada capacidade.

O mapa que encabeça este artigo, que procede da fonte aludida, informa-nos da densidade de distribuiçom territorial do património onde é possível apreciar a existência de duas Comunidades com magnitudes patrimoniais total superiores aos 200.000 milhons de euros sobre um património total declarado em Espanha, que ascende segundo se nos informa a 849.000 milhons. Em resumidas contas, só entre Catalunha e Madrid se concentram o 63,9% do seu montante total. A Galiza, Valência e Andaluzia venhem logo após. A nebulosa informativa que cobre o País Basco e Navarra deriva do seu privilegiado regime foral. O capital mobiliário (acçons e participaçons de variada índole) concentram o grosso dos activos de reserva (87,95%), seguido dos depósitos em conta (10,53%) e os títulos de dêveda e os bonos e obrigaçons (1,53%).

A manifesta preferência pola flexibilidade dos activos financeiros como forma de aforro tem as suas excepçons. É notícia recorrente da imprensa económica a preferência manifestada por Amáncio Ortega, por exemplo, polos activos imobiliários. Os verdadeiramente ricos ficam eximidos das regras gerais que regem para os simplesmente ricos, ou será talvez que a óptica que rege as finanças dos verdadeiramente ricos gosta de vulnerar os comportamentos gregários dos menos afortunados. Para os fundadores de dinastias afortunadas e estratégias multinacionais nom há regras escritas.

A Agência oferece-nos igualmente informaçom significativa acerca das cargas tributárias registadas em cada Comunidade durante os anos 2020 e 2021 ©

A Agência oferece-nos igualmente informaçom significativa acerca das cargas tributárias registadas em cada Comunidade durante os anos 2020 e 2021. É eloquente o esforço desenvolvido polo governo de Isabel Díaz Ayuso para capturar os contribuintes de maior património mediante dispensas á tributaçom sobre as fortunas

A Agência oferece-nos igualmente informaçom significativa acerca das cargas tributárias registadas em cada Comunidade durante os anos 2020 e 2021. É eloquente o esforço desenvolvido polo governo de Isabel Díaz Ayuso para capturar os contribuintes de maior património mediante dispensas á tributaçom sobre as fortunas. Um acrisolado exemplo da regra de empobrecer o vizinho mentres se proclamam as virtudes de um nacionalismo espanhol supostamente afastado das supostas práticas insolidárias de cataláns e bascos. Um discurso repetido agora polo governo andaluz o seu aluno mais fiel e aplicado. Afinal trata-se da consabida prédica de que o melhor refúgio do dinheiro é o peto do contribuinte com a contrapartida ocultada de encomendar o ensino, a sanidade, a vivenda e o cuidado dos desvalidos à voracidade dos abutres apátridas. Insolidariedade social com entrega incondicionada ao mercado, fruto envenenado do discurso neoliberal vozeado com entusiasmo polas nutridas terminais mediáticas da direita.

Além do interesse de comprovar a distribuiçom geográfica dos grandes patrimónios, a observaçom da carga tributária suportada ao longo de Espanha é muito significativa; Catalunha, com 83.482 declarantes exibe umha quota de 2.828.864 de património médio declarado, Madrid com 0 declarantes registados e umha quota 11.127.793 de património médio patenteia os efeitos da insolidariedade praticada. Fai-se difícil suster a tese reiterada de que Madrid encarna o patriotismo mais acendrado frente a Catalunha, paradigma da insolidariedade mais crua e egoísta. Generosa prodigalidade à beira do Manzanares, tacanharia inconfessável á beira do Mediterráneo barcelonês, nom é?.

A convocatória neoliberal a resguardar os ingressos ao interesse próprio, prédica irresistível no dilatado círculo das grandes fortunas sem raízes, tem escassa audiência entre aqueloutros que exibem com ufania domicílio e raiz. Amáncio Ortega, por exemplo, galego de opçom, adopçom e vocaçom. O seu dilatado império preza-se de nom desatender as leis do mecenato e a filantropia tam chocantes em Espanha como habituais nos países educados nos virtuosos princípios da justificaçom persoal por méritos próprios só responsável ante o severo tribunal da consciência nua e o livre alvedrio.

Como é natural, o registo da tributaçom sobre o património é umha parte apenas, e nom a mais relevante, da autêntica magnitude das grandes fortunas espanholas. Umha olhada a Forbes2 permite compreender a sua verdadeira dimensom.

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Contra o tópico inveterado da precariedade secular, a Galiza loze as virtudes de terra de acolhida propícia às grandes fortunas. Dêem umha volta pola Praça corunhesa do Parrote ou polas plácidas ribeiras de Oleiros para observar o discreto refúgio das afortunadas sagas familiares que encabeçam as listas de Forbes

Amancio Ortega —Inditex, Pontegadea— encabeça a muita distáncia a selecta procissom dos verdadeiramente ricos de Espanha com umha fortuna estimada de 53.500 M€, abalada actualmente por circunstanciais movimentos de ajuste bursátil. Nada alarmante, é o fado inevitável dos activos finaceiros e a substáncia das provisons aplicadas para compensar as perdas transitórias previstas.

A dinastia Ortega ocupa um lugar de privilégio nos Gold Gotha hispánico, basta lembrar que a segunda maior fortuna registada em Espanha é a da sua filha Sandra Ortega Mera com 5.400 M€ que alimentam umha carteira de investimentos notavelmente diversificada e umha ampla rede de doaçons e filantropia. Temos que descer á terceira posiçom para chegar a Rafael Pino y Calvo-Sotelo —Ferrovial, Rijn Capital— com 3.800 M€, para encontrar a primeira fortuna espanhola nom galega... até certo ponto como os seus apelidos o confirmam. Depois de Juan Roig — Mercadona, 3.400 M€— que ocupa o quarto posto na listagem batemos logo após com Juan Carlos Escotet —3.200 M€— que conseguiu consolidar a sua considerável fortuna depois de adjudicar-se os activos bancários que formam agora Abanca e sustentavam antes as Caixas galegas.

Contra o tópico inveterado da precariedade secular, a Galiza loze as virtudes de terra de acolhida propícia às grandes fortunas. Dêem umha volta pola Praça corunhesa do Parrote ou polas plácidas ribeiras de Oleiros para respirar os ares reconfortantes da Ria corunhesa e observar ao mesmo tempo o discreto refúgio das afortunadas sagas familiares que encabeçam as listas de Forbes.

Galiza comunidade desfavorecida polos fados económicos? Depende.

1 https://forbes.es/forbes-w/204618/los-motivos-por-los-que-ana-patricia-botin-es-la-decimo-quinta-mujer-mas-poderosa-del-mundo/

2 https://forbes.es/los-100-espanoles-mas-ricos-2022/

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