Se vivêssemos num país realmente culto, onde a nossa cultura tivesse o peso que deve, se o nosso governo aprovasse iniciativas culturais como a ILP Paz Andrade a pensar realmente no futuro, no multilinguísmo efetivo, não por ficar bem perante das câmaras, mas para abrir as portas da lusofonia, por educar, então isso abriria um mundo de possibilidades, também educativas e para as crianças, com quem poderíamos sonhar mais.
"Se o nosso governo aprovasse iniciativas como a ILP Paz Andrade abriria um mundo de possibilidades"
A nossa Literatura Infantil e Juvenil (LIJ) e principalmente o álbum ilustrado já bebe das fontes da lusofonia, edita textos de autores e ilustradores portugueses, nomes como os de João Vaz de Carvalho, Isabel Minhós, Yara Kono, Bernardo Carvalho, André da Loba, Ângela Madeira, Madalena Matoso, etc., textos e imagens com as que (quais) tenta aproximar-se e implementar-se além da raia absurda que nos separa. Temos editoras como Kalandraka que, para além de ter produção na Galiza e editar volumes como por exemplo Grazas, Ovelliña dáme lá, P de papá, entre outros muitos, e de trabalhar em projetos que unem os dois países como CoraSons, Pezinhos de lá ou com Prémios como o Compostela ao qual chegam sempre obras de autores portugueses e de publicá-los nos dois países, também conta um selo próprio que é autónomo em Portugal, selo que funciona de maneira independente com linhas específicas definidas, e que edita livros que se incluem no Plano de Leitura de Portugal.
Outro exemplo de caminhos que se unem, é Oqo Editora com títulos como Sopa Verde, O soño de Xela, Os mil brancos dos esquimós ou o projeto europeu Cozinha de Contos em colaboração com a livraria portuguesa especializada Bichinho de Conto.
Esta ideia de convergência de dois mundos, de educação das crianças galegas em português, de irmandade entre povos, que muito têm em comum sem que isto exclua, vai somando mais apoios e podemos encontrar pouco a pouco livrarias galegas como a Ciranda à Volta do Português!, em Compostela, que apostam por nos descobrir nos suas prateleiras algumas editoras lusas especializadas como Orfeu Negro ou Planeta Tangerina, A Gatafunho, Edicare ou Pato Lógico. Existe um mundo, vários mundos e entre eles um planeta rico em LIJ, o português.
Ciranda tem uma pequena amostra dos livros que se editam em português, como os do Planeta Tangerina, projeto editorial que nasceu há dez anos e que faz livros que entretêm a muitas crianças e convertem dias iguais em dias excepcionais. Uma editorial para a infância da qual podemos desfrutar na Biblioteca Ánxel Casal, que propõe livros que marcam, muitos deles da sua fundadora Isabel Minhós, e que ensinam, álbuns ilustrados que se aconselham também desde o Plano Nacional de Leitura Português como Es mesmo tu?, Um dia na praia, Pê de pai (editado em galego por Kalandraka), Um dia, um guarda-chuva, Para onde vamos quando desaparecemos?, álbuns que recebem prémios como ao de Melhor editora europeia para crianças ou Irmão Lobo, incluído no catálogo White Ravens 2014 da International Youth Library, a biblioteca sediada em Munique que, através dos seus comités internacionais, faz anualmente uma seleção dos livros mais importantes do mundo.
Orfeu Negro é um projeto artístico que se amplia em 2008 com a colecção Orfeu negro mini, uma série de livros ilustrados para miúdos e graúdos com autores como Catarina Sobral, Beatriz Alemagna ou Benjamin Chaud, ganhador do Prémio Ardensen 2014 com A cantiga do Urso. Entre os títulos e autores que se podem encontrar estão O livro inclinado de Peter Newel, um clássico da literatura para crianças, reconhecido em Bolonha; Perdido e achado, O meu avô, Quero o meu chapéu, Hoje sinto-me..., Art&Max, Migrando, O estranho mundo de jack ou Burros, de Adelheid Dahimène, catalogado como um dos livros mais lindos da Áustria e que também incluiu a White Ravens Award em 2003.
Também podemos encontrar a GATAfunho, que é uma editora de livros para todas as famílias, para todas as idades. Os seus livros não têm etiquetas, nem "livros de instruções". Um exemplo e trabalhos desta são Donde vem a pimenta?, Era uma vez um dia normal de escola, Eu quero, Espelho, Darwin e a Verdadeira História dos Dinossauros...
Portugal é um planeta que temos ao alcance da mão e as nossas crianças bem podem desfrutar dele desde o primeiro momento
Edicare representa os livros, as letras, a textura do papel e toda a mística envolvente apresentada à criança uma e outra vez. Os primeiros livros que transmitem experiências, conhecimentos e valores ou Pato Lógico, que também é uma loja de livros onde o poder da imagem é total e absoluta, álbuns de autores como António Jorge Gonçalves, Catarina Sobral, Afonso Cruz, João Fazenda, Nuno Saraiva, André da Loba; títulos como Sombras, Barriga da Baleia, Vazio, Capital...
Portugal é um planeta que temos ao alcance da mão e as nossas crianças bem podem desfrutar dele desde o primeiro momento, o governo deve fazer mais não apenas com a nossa LIX, mas também com os novos mundos.